segunda-feira, 11 de maio de 2009

8. Superpopulação

Confúcio, sábio chinês que viveu há 2.500 anos, dizia que, se cada casal tiver 5 filhos, como era hábito na época, cada filho herdaria um quinto das terras da família, diminuindo bastante o patrimônio com o passar do tempo, ou seja, empobrecendo a comunidade, dificultando o acesso ao crédito, a saúde, educação e aumentando a pressão sobre os recursos ambientais.

A humanidade alcançou um bilhão de pessoas em 1804, depois de 123 anos alcançou o segundo bilhão. Em mais 47 anos, em 1974, a população dobrou novamente e, atualmente, conta-se com 6,6 bilhões. No ano de 2050, a estimativa é de 9 bilhões de pessoas. A cada 14 anos acrescenta-se um bilhão de pessoas no planeta. Da mesma forma que a China está ensinando um caminho para lidar com a superpopulação, com a exigência de apenas um filho por casal, o mundo deverá impor, na medida do possível, condições para estabilizar, ou mesmo diminuir, a população sobre o planeta. Entretanto os problemas sociais causados pelo excesso demográfico repercutem na falta de oportunidades para os menos privilegiados produzindo desigualdades obscenas, com o conseqüente aumento da violência. O que os dirigentes observam são problemas superficiais que devem ser resolvidos com paliativos como reforçar a segurança pública. Quando a população cresce mais que os recursos a desigualdade tende a aumentar bem como a competição pelos recursos.

Diamond (2005) descreve como o excesso de gente pode causar pressões e devastar os recursos naturais podendo chegar a extinguir comunidades. Um dos casos mais emblemáticos é a Ilha da Páscoa, distante 3.700 km do Chile, que, segundo a teoria mais aceita, chegou a ter uma população de mais de 20.000 pessoas. Quando os europeus apareceram, em 1722, e viram enormes esculturas chamadas de moais, pesando de 9 a 88 toneladas cada uma, havia menos de 2.000 pessoas na ilha, nenhuma árvore e, nos monturos de lixo, restos de ossos de aves, peixes, ratos e de humanos, indicando que os últimos habitantes recorreram aos ratos e ao canibalismo para sobreviver. Pesquisadores acharam vestígios de pólen e carvão de árvores imensas, indicando que a ilha tinha uma grande floresta; nos ossos, uma fauna de 25 tipos diferentes de aves. Os 12 clãs existentes competiam entre si pela estátua mais alta que era oferecida aos deuses para apaziguar suas dores e permitir melhores colheitas e condições ambientais. Para transportar e levantar cada um desses megalíticos de 4 a 10 metros de altura por 14 km usaram árvores e cipós, além de cerca de 50 a 500 pessoas. O que pensaram estas pessoas quando cortaram a última árvore?

Oferecer educação de qualidade é uma forma viável de controlar a natalidade e, embora mesmo que se tenha a disciplina e o rigor dos chineses, a população mundial ainda vai continuar crescendo por mais alguns anos. Pode-se descartar, em parte, a tecnologia como solução porque, além de não chegar aos países mais pobres devido à miséria e as doenças, implica numa mudança radical em nossas percepções e em nossos valores e não serve quando se esgotam determinados recursos.

Agora imagine um casal dividindo um banheiro. Como é comum nas casas, pode-se ler uma revista no trono, embelezar-se, tomar um banho demorado, usar como se quer e por quanto tempo se convier. Neste caso parece bobagem dizer que se necessita de regras escritas para usar o banheiro e por quanto tempo. Mas suponha que há 10 pessoas para usar o mesmo banheiro em sua casa. Devem-se estabelecer turnos e normas como não cortar as unhas no banheiro, banhos e necessidades rápidos e, ainda assim, em certas ocasiões, muitos vão bater na porta apressando os demais. Dessa forma, ao dividi-lo com tanta gente, não existe liberdade e direito para usá-lo. Se extrapolarmos o caso do banheiro para terras aráveis, para usos dos órgãos públicos, saúde e educação para todos ter-se-á um caos. Dessa forma, onde existe superpopulação não existe democracia.

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