segunda-feira, 11 de maio de 2009

9. Desenvolvimento sustentável?

Pensa-se, a princípio, que muitos problemas serão resolvidos pelos economistas e gestores se o desenvolvimento sustentável for uma meta e se trabalhar sobre isso nas empresas e repartições públicas, pois ele permite conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação da natureza. Ocorre que o desenvolvimento sustentado com o aumento constante da população é complexo, embora ajam dúvidas sobre se existe um crescimento sustentado. Para muitos, isto é um oximoro, uma expressão que se contradiz, como um instante eterno. Ou se é instante ou é eterno. Ou se é desenvolvimento ou é sustentado. Não se pode crescer, como quer o Brasil e o mundo, indefinidamente. Ao aumentar, a economia gerará necessidade de mais crescimento. Diversos economistas já denunciaram a questão e parece que os líderes não entenderam ou não querem pensar nisso. Da forma como a economia está estruturada, é necessário um crescimento constante para fazer frente ao consumo, ao emprego e aos gastos da previdência social, por exemplo. O crescimento da economia, da população, da quantidade de alimentos é desejável e até se pode prolongá-los por mais algum tempo, mas sabemos que não é possível crescer sempre e quanto mais rápido se achar alternativas melhor.

Como diz Fernandez (2004), o desenvolvimento sustentável é uma expressão perigosa, pois dá às pessoas a falsa ilusão de que se está protegendo a natureza, sem alterar a lógica econômica. A expressão serve para aliviar as consciências de consumidores e produtores, além de ser uma ótima estratégia comercial permitindo a inserção de seus produtos num mercado cada vez mais preocupado com as questões ambientais.

Ambientalistas afirmam que se continuar a viver com o atual padrão energético e de consumo, precisar-se-á de 6 planetas como a Terra para fazer frente a nossos gastos. Como é possível que as próximas gerações possam desfrutar do que se tem na atualidade? Apesar da impossibilidade vista anteriormente, a melhor definição de desenvolvimento sustentado é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas das gerações futuras. Estas necessidades devem ser realmente necessárias, para sobrar para as outras gerações. O grande problema é que as futuras gerações não estão aqui para reclamar sobre o que vão receber mais tarde.

Alguns economistas menos cínicos, acreditam que o principal problema é definir quem irá gastar o que, quando, quanto e como. Já aparecem diversos autores comentando o assunto, sinalizando um coro de vozes em defesa de um freio no uso dos recursos naturais e/ou um conjunto de catástrofes num futuro próximo. O dinheiro a ser gasto hoje nestes cataclismos, com certa dose de incerteza sobre sua eficácia, permite que economistas calculem o montante a obter se, em vez de se gastar este dinheiro, investi-lo em mais produção ou simplesmente aplicá-lo em um banco. Com cálculos modestos, um montante de 400 bilhões de dólares, aplicados num banco durante 30 anos a uma taxa de 4% ao ano, renderia um trilhão e 300 bilhões de dólares. Dessa forma, procura-se entender o que os gestores pensam: em vez de plantar florezinhas e salvar peixinhos, coloca-se o dinheiro para render. Com sorte, apenas os menos favorecidos padeçam. Espera-se que estes comentários cínicos não se concretizem.

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